segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Factos


Escrevo aqui tudo o que os meus lábios não conseguem soletrar…porque é mais fácil escrever do que dizer.
Desde criança que aprendi que a família estava em primeiro lugar, que na família estão os principais elementos, aqueles que nos querem bem, e esse é o principal objectivo da educação familiar.
Contudo, eu fui crescendo e fui-me apercebendo da realidade em que vivo, talvez enquanto criança inocente o meu mundo fosse perfeito, mas agora que já sou uma mulher ele se transformou em algo sem definição.
Sem amor a cultura familiar não se torna possível…muitas vezes eu sinto-me frustrada, quero dizer ou fazer algo que não posso pois sei que iria magoar alguém. Mas o que mais me revolta é ter que fingir ter sentimentos puros por alguém a quem na realidade não tenho, se calhar deveria ter visto que a família é a base do meu desenvolvimento…mas a verdade é que nem todos os elementos familiares fizeram parte desse mesmo desenvolvimento, do meu crescimento e aperfeiçoamento enquanto pessoa.
O grau parentesco que têm na realidade não é compatível com aquele que me transmitem, desde criança que ouve sempre falta de algo, algo que não me ofereciam com um sorriso na cara, mas que outras pessoas faziam isso na perfeição…com o passar dos anos fui-me apercebendo destes factos…ouvi histórias, ouvi conversas, vi sorrisos cínicos, abraços falsos…sentimentos manifestados por pura conveniência. Para mim era necessário que “eles” me amassem…mas nunca fizeram a transmissão desse sentimento…eu até percebo, percebo que até o possam não saber fazer…eu também não sou a pessoa mais carinhosa do mundo, mas á sempre uma forma, sempre uma maneira…
Neste caso, o amor que deveria existir nunca foi transmitido de nenhuma forma, de nenhuma maneira. Existem outras pessoas que nutrem esse amor por mim, que acompanharam o meu crescimento, que estiverem sempre prontas a ajudar! Por essas sim eu tenho a certeza que nutro um amor bom, um amor verdadeiro, um amor belo! E estou sobretudo imensamente grata! Não sei bem qual é o meu objectivo na vida, a minha função, mas sei que quero bem a quem também mo quer a mim…e “eles” que não fizeram o bem a quem mo faz a mim, da minha parte não merece nem o nome nem o grau de parentesco que têm. Como é que posso abraçar essas pessoas com um sorriso na cara? Como é que posso lhes chamar aquilo que eles querem ouvir? … Não o são, nunca foram, nem o serão...
Odeio cinismo e o que mais vejo da parte deles para comigo é isso… eu não quero fazer igual! Por mais que tente porque alguém que me é importante e me costuma pedir para me esforçar, eu não consigo… não consigo! Porque tenho raiva dentro de mim, tenho um nó na garganta, um nó que não me deixa falar, um nó que me transtorna… Eu sei dar valor ás pessoas que mo dão a mim…mas “eles”? “Eles”, nem se quer sabem quais são as coisas mais importantes para mim, aquilo que mais gosto de fazer, a minha comida preferida, não conhecem os meus amigos, nunca foram a uma festinha da escola! Como posso eu transmitir amor por essas pessoas?
Posso um dia talvez, quando forem mais velhinhos e não forem os mesmos, posso ter paciência e compreender, posso fazer isso com custo mas posso faze-lo pelas pessoas que me amam e que gostavam de ver um sentimento bonito da minha parte para com eles…sentimento não prometo…mas posso fazer um acto bonito…faço não por “eles” mas pelos tais que merecem…

Lamento tudo isto, mas a expectativa que tinha não é o resultado obtido é apenas um FACTO!

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